Almada Negreiros

Pede-se a uma criança: Desenha uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém. Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu. Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais. Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor! As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor! Contudo a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor! de Almada Negreiros, em O Regresso ou o Homem Sentado - III parte.

Poeta, caricaturista, jornalista, pintor, muralista, artista gráfico, José Sobral de Almada Negreiros foi uma das personagens mais criativas do século XX português: um artista multidisciplinar. Com um invulgar talento, Almada Negreiros, artista autodidata, dedicou-se principalmente às artes plásticas (desenho, pintura…) e à escrita (romance, poesia, ensaio, dramaturgia), onde foi pioneiro do modernismo português. Formou o grupo da revista Orpheu com Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro

Almada Negreiros nasceu em São Tomé, na cidade da Trindade, a 7 de abril de 1893, viveu, com algumas interrupções,  em Portugal e faleceu, no dia 15 de junho de 1970, em Lisboa. Dedicou-se desde muito jovem ao desenho de humor, publicando os seus primeiros desenhos e caricaturas na revista humorística A Sátira. Em jovem idade expôs os seus desenhos nas primeiras três edições da Exposição dos Humoristas Portugueses. As suas passagens por Paris e Madrid influenciam a sua pintura.  Alguns dos seus quadros manifestam a admiração assumida que tinha por Picasso. 

Era obcecado pelos Painéis de São Vicente, que ajudou a reorganizar no Museu Nacional de Arte Antiga, propondo a atual configuração, com base nos ladrilhos do pavimento na obra de Nuno Gonçalves. O próprio Almada pintou paredes em formato de painéis que podem ser ainda vistos nas Gares marítimas de Alcântara e da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa. 

Desafio:

Almada Negreiros esteve sempre ligado ao desenho. Fez vários autorretratos, desenhados ou pintados. Encontra uma fotografia deste artista e reproduz a mesma num desenho ou pintura. Envia o teu trabalho com o teu nome, ano e local do curso para o email equipa.csi@epesuica.ch
Ficamos à espera!