Educação à Escuta


No passado dia 24 de junho a Coordenadora do EPE Suíça, a Professora e Investigadora Lurdes Gonçalves, participou no programa Educação à Escuta, um programa da responsabilidade do CIDTFF da Universidade de Aveiro. 
O assunto foi, nada mais nada menos do que, o Ensino Português no Estrangeiro em tempo de suspensão do quotidiano, com particular destaque para o Ensino de Português no Estrangeiro (EPE) na Suíça. 
Citamos, em parte:
O Ensino de Português no Estrangeiro (EPE) é um grande aliado das famílias portuguesas emigrantes, no que se refere à preservação da matriz cultural portuguesa, através do desenvolvimento linguístico e cultural das crianças e jovens luso-descendentes. (...)
Na Europa, destacam-se a Alemanha, Espanha, França, Luxemburgo, Bélgica, Reino Unido e Suíça. Esta importante missão de ensino e divulgação da língua e da cultura portuguesas é assegurada pelo Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. desde 2010. A rede EPE no nível pré-escolar e nos ensinos básico e secundário contempla atualmente 13 países, envolve mais de 300 professores e cerca de 17.000 alunos. (...)
O trabalho pedagógico-didático do EPE é orientado por um quadro de referência específico (Quadro de Referência para o Ensino Português no Estrangeiro - QuaREPE), um documento que descreve o desenvolvimento de competências na língua portuguesa, nomeadamente: competências gerais, competências relacionadas com outras áreas curriculares, consciência intercultural, competências comunicativas na língua e uso da língua. As competências são descritas de acordo com cinco níveis de proficiência linguística: A1, A2, B1, B2 e C1 que refletem a progressão em diferentes domínios sociais da comunicação. (...)
Por exemplo, na Suíça, no presente ano letivo, o EPE conta com cerca de 8.300 alunos, desde os 7 aos 18 anos, que se distribuem pelos diversos níveis de A1 a C1. As aulas realizam-se após o horário escolar regular, o que representa para os alunos um prolongamento do seu horário letivo. Nas aulas, desenvolvem-se estratégias e atividades variadas, onde se incluem projetos que vão ao encontro dos interesses dos alunos e também expandem as áreas de conhecimento, como é o caso do Projeto “Ciência no EPE” desenvolvido a partir do ano letivo de 2017-2018, na Suíça, ou “Alimentação Saudável”, iniciado este ano. Também são realizados eventos que incluem a presença de autores de língua portuguesa, visitas de estudo e intercâmbios com escolas em Portugal, entre outros.
A tarefa dos professores do EPE situa-se no necessário equilíbrio entre a gestão curricular dos conteúdos linguísticos e culturais a trabalhar, a gestão da dimensão afetiva que liga os alunos às raízes da cultura portuguesa e ainda a capacidade de estabelecer pontes e contactos com a língua e cultura do país de acolhimento.
Muitas famílias portuguesas reconhecem a mais-valia do EPE enquanto um apoio à sua tarefa na manutenção da língua portuguesa e matriculam os seus educandos junto do Camões, I.P. demonstrando uma vontade firme em incluir a aprendizagem da língua e cultura portuguesas no percurso escolar dos seus filhos. (...)
As palavras de uma professora do EPE na Suíça refletem o comprometimento das pessoas que lhe dão corpo e as potencialidades do EPE na atualidade, projetando-as no futuro: "Para mim, o EPE é um legado e uma missão onde a língua, a cultura e os afetos são o seu maior expoente. É, ainda, a ponte que convida e transforma o potencial linguístico e cultural da diáspora em oportunidades". (...)
Março de 2020 trouxe o início de um tempo de suspensão do quotidiano da forma como sempre o conhecemos e vivemos. Subitamente, foi necessário adaptarmo-nos a uma nova forma de trabalhar e estar em sociedade, devido à ameaça do novo Coronavírus. As escolas foram fechadas e o ensino presencial deixou de ser possível.
A Coordenação de Ensino e os professores do EPE na Suíça de imediato se lançaram no desafio de trabalhar a partir de casa. Rapidamente se organizaram os contactos de encarregados de educação e alunos e se rentabilizaram as redes já existentes, com o claro objetivo de manter o contacto entre todos e o trabalho em torno da língua e cultura portuguesas. 
Vários têm sido os meios utilizados para esse contacto, desde email e telefone, passando pelo recurso a plataformas digitais, até ao tradicional envio de documentos por correio físico. Têm sido estas as formas através das quais todos os professores continuam a chegar perto dos seus alunos, cumprindo a sua missão de ensinar, agora em através do recurso exclusivo aos meios digitais.
Também rapidamente se estabeleceu uma rede de trabalho colaborativo entre os professores, partilhando materiais, ideias, experiências, que serviram para diminuir o isolamento e a ansiedade de estar a trabalhar de uma forma totalmente diferente da habitual.
Fruto do empenho de todos, alunos, encarregados de educação e professores, tem vindo a ser desenvolvido um trabalho muito interessante e criativo, que tenho tido o prazer de acompanhar e de apoiar. Aliás, muitos trabalhos têm sido divulgados na página eletrónica da Coordenação de Ensino www.epesuica.ch, a par de um conjunto de sugestões de atividades para alunos e famílias, publicadas semanalmente.
Porém, também o volume e o ritmo de trabalho têm sido muito intensos para todos. Para além de um acompanhamento mais personalizado a cada aluno, a necessidade de pesquisar e elaborar tarefas adequadas ao ensino remoto e que, em simultâneo, alimentem a motivação dos alunos é algo que requer tempo! Todavia, tem sido um trabalho muito gratificante, uma vez que muitos alunos respondem às tarefas e correspondem de forma muito positiva ao desafio lançado a todos nós, neste tempo de incerteza e de vida social suspensa.
Apesar de difícil, este tempo de exceção deixará marcas indeléveis, porque todos fizemos e continuamos a fazer seguramente muitas novas aprendizagens. (...)
A Coordenação de Ensino da Suíça reconhece o empenho de todos e orgulha-se do trabalho realizado neste tempo de exceção e de isolamento, em que seguramente melhorámos a nossa capacidade de navegar à vista e aprendemos a valorizar a pertença a um grupo e a colaboração entre todos. (...)
Leia o artigo, por completo, aqui. Fica aqui, igualmente, o registo em formato de audição em podcast: Conversas da manhã (ep. 19)