Fernanda Fragateiro

No mês de dezembro distinguimos a artista Fernanda Fragateiro.

Natural do Montijo, instalou-se em Lisboa aos 15 anos, quando o interesse pelas artes a levou até à Escola de Artes Decorativas António Arroio. Ingressou depois na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, não tendo terminado o curso, o que lhe dificultou a construção da sua carreira profissional. Como vinha de uma família pobre, teve que trabalhar para sobreviver e, ao longo de 15 anos, realizou diferentes trabalhos, desde cenografia a figurinos para teatro e ilustração. Graças a esta diversidade de experiências desenvolveu-se artisticamente e conseguiu subsidiar o seu trabalho como escultora, a sua verdadeira paixão.

Começou a expor o seu trabalho em 1981, desenvolvendo uma prática artística rica e diversificada, pautada por alguma irreverência. Os seus projetos procuram envolver ou convocar o público para dentro da obra, apelando ao pensamento crítico, à liberdade, à exploração da arquitetura do lugar. Entre eles encontramos a escultura, a instalação, intervenções em espaços públicos, ilustração e colaborações em projetos de arquitetura ou paisagismo. Entrar na obra de Fragateiro é descobrir, nas várias camadas que a constituem, diversos diálogos e múltiplas conversas com a filosofia, com a arquitetura, com a literatura, com o espaço, com os materiais. É entrar dentro de uma história e retirar da sua leitura diferentes experiências e sensações. 

A artista questiona o conceito de escultura como monumento, como algo intocável e objeto de contemplação. Através da sua obra, mostra-nos que é possível criar esculturas anti monumentais, horizontais, planas e de linhas minimalistas. Prima pelo rigor na criação de espaços com imagens, produzindo ilusões óticas que prolongam, desdobram e expandem espaços e imagens que não existem na realidade, impedindo que de algum modo se cristalize uma imagem.

Com uma obra multifacetada, muitos dos projetos que desenvolve são também reproduções de peças, algumas inacabadas, que por algum motivo a fascinam. A base do seu trabalho são os textos que lê, sobretudo de Filosofia e História de Arte, e as suas fontes de inspiração – outros artistas do modernismo e da arquitetura pós-modernista, especialmente mulheres artistas e arquitetas, que não tiveram o relevo que mereciam. 

A sua obra tem sido exposta em Portugal, Espanha, França, Estados Unidos e México. É atualmente representada pelas galerias Elba Beítez (Madrid); Josée Bienvenu (Nova Iorque); Filomena Soares (Lisboa). Entre outros prémios, foi distinguida com o Prémio Autores de 2018 – Melhor exposição de artes plásticas.

Para Fernanda Fragateiro, “a arte funciona como uma espécie de pressentimento do mundo”. Participar na construção de um mundo melhor é o seu lema enquanto artista.

Desafio: Faz uma pequena viagem pelas obras da escultora Fernanda Fragateiro e seleciona aquela de que mais gostas.

A1 - Recriar - faz uma recriação da obra que selecionaste.
A2 - Recriar e descrever - faz uma recriação da obra que selecionaste e descreve-a.
B1 - Recriar, descrever e justificar - faz uma recriação da obra que selecionaste, descreve-a e justifica as razões da tua escolha.
C1 - Recriar, descrever e confrontar - faz uma recriação da obra que selecionaste, descreve-a e confronta o teu trabalho com o da artista.