Colóquio Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades: Como ler Camões no século XXI?

No passado dia 9 de maio de 2025, a Universidade de Zurique foi palco do colóquio «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades»: Como ler Camões no século XXI?, uma iniciativa promovida pela Cátedra Carlos de Oliveira. O encontro assinalou os 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, reunindo investigadores, docentes, estudantes e o público em geral para uma reflexão profunda e atualizada sobre a obra do poeta maior da literatura portuguesa.

Ao longo do dia, foram debatidas questões como a representação do império n’Os Lusíadas, a receção da obra camoniana fora da Europa e os novos olhares sobre Camões no teatro contemporâneo. O programa contou ainda com uma mesa-redonda sobre a leitura de Camões nos dias de hoje, bem como com uma oficina de leitura em voz alta de sonetos, dinamizada pelo ator Miguel Sopas.
Entre os momentos altos do colóquio, destacou-se a mesa-redonda «Como ler Camões no século XXI?», moderada por André Masseno (Universidade de Zurique), com intervenções de Eduardo Jorge de Oliveira (ETH Zurique/Sorbonne Nouvelle – Paris), Isabel Almeida (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e Maria de Lurdes Gonçalves, coordenadora da Coordenação do Ensino Português na Suíça. 

Representando o EPE Suíça, Maria de Lurdes Gonçalves refletiu sobre o trabalho didático desenvolvido nas aulas de Português como Língua de Herança, destacando que ler Camões no presente exige uma abordagem de mediação, centrada no envolvimento pessoal do aluno com o texto literário.
Neste sentido, defendeu que “ler mais e melhor” significa oferecer aos alunos ferramentas que lhes permitam não só compreender a universalidade da obra camoniana, mas também sentirem-se interpelados pela leitura, estabelecendo um diálogo com as suas inquietações, crescendo e enriquecendo-se com essa experiência.

Apresentou, ainda, exemplos de projetos realizados, a partir do ano letivo 2014/2015, nas escolas da rede da CEPE Suíça, organizados em quatro vertentes: o encontro pessoal com o texto ou com o autor, através de temas universais como o amor ou a desilusão (ex.: criação de peças de teatro e poemas por alunos); a aproximação à atualidade, com iniciativas como Camões Remix ou Padlet: à procura de Camões; o treino da leitura em voz alta, com destaque para o projeto LEVA e a Semana da Leitura; e, por fim, a celebração da língua e cultura portuguesas, com ações como o concurso Fitas e o projeto Selos. Referiu ainda que estas práticas pedagógicas demonstram como a obra de Camões pode ser trabalhada de forma viva, significativa e ajustada às realidades da diáspora.

Concluiu, sublinhando que, através desta abordagem, “Camões não é apenas um autor do passado, é um autor que pode ajudar-nos a compreender o presente e, se o lermos como um autor que ilumina a nossa vida, pode ser um companheiro de reflexão.”
O colóquio decorreu em formato híbrido, com inscrições abertas para participação online. Foi, acima de tudo, um convite à redescoberta de Camões — poeta que, cinco séculos depois, continua a inspirar novas leituras, interpretações e diálogos com o mundo contemporâneo.



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